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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

IMPEACHMENT



Desde que se intensificou o grito por impeachment, cúmplices do governo vêm fazendo um joguinho absolutamente ridículo. Utilizam a linha sucessória do poder -- presidente, vice-presidente e, então, os presidentes da câmara, do senado e do STF -- em seu discurso a fim de criar uma espécie de ciclo infernal na imaginação do ouvinte que, num primeiro momento, admite a ideia de que nada mudaria nosso atual quadro político. Nem mesmo um impeachment.


Ora, será que um petista não confia nos aliados de seu próprio partido a ponto de achar assim tão terrível o cenário de algum deles assumindo o cargo? Óbvio que não. Isso é mero discursinho retórico. Para atrair a atenção do ouvinte e trazê-lo ao seu mundo, precisa achar alguma crença em comum, e apontar para o fato de que na linha sucessória da presidência se encontram somente vassalos do PT é uma ótima forma de fazer isso.


Para a esquerda, queremos derrubar sua presidenta nem que seja na "marra". E por quê? Porque a odiamos. Simples. Somos a direita "hidrófoba", raivosa, e queremos a mãe dos trabalhadores, pobres e oprimidos fora do poder.

Primeiramente, gostaria de lembrar que hoje apenas 29% dos brasileiros consideram a administração de Dilma boa, enquanto mais de 44% a consideram péssima. Ou seja, caso as eleições fossem hoje, Dilma não seria reeleita. Após esse "racionamento de popularidade", qual legitimidade tem Dilma como presidente? Com exceção dos torcedores petistas, aqueles que ingenuamente escolheram-na para o cargo foram vítimas de estelionato. Dilma mentiu sobre absolutamente TUDO em sua campanha, portanto, não representa mais essa parcela de seus eleitores que acabaram fazendo a diferença no dia 26 de outubro de 2014.


Além disso, vale a pena lembrar o que diz a lei n° 1079/50, que define os crimes de responsabilidade:


"(...)


Art. 2º Os crimes definidos nesta lei, ainda quando simplesmente tentados, são passíveis da pena de perda do cargo, com inabilitação, até cinco anos, para o exercício de qualquer função pública, imposta pelo Senado Federal nos processos contra o Presidente da República ou Ministros de Estado, contra os Ministros do Supremo Tribunal Federal ou contra o Procurador Geral da República.


(...)


Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra:


I - A existência da União;


II - O livre exercício do Poder Legislativo, do Poder Judiciário e dos poderes constitucionais dos Estados;


III - O exercício dos direitos políticos, individuais e sociais:


IV - A segurança interna do país:


V - A probidade na administração;


VI - A lei orçamentária;


VII - A guarda e o legal emprego dos dinheiros públicos;


VIII - O cumprimento das decisões judiciárias (Constituição, artigo 89)."


Falar em "existência da união" com o partido da situação sendo integrante do Foro de São Paulo, seguindo uma "agenda comum de interesses dos países latino-americanos" e falando abertamente em "Pátria Grande" -- projeto de unificação dos países da América Latina defendido por Simón Bolívar e José de San Martin -- parece até piada de mau gosto. Não acreditam? Eis o tweet de Cristina Kirchner para Dilma Rousseff no dia de sua reeleição:



"Querida companheira e amiga Dilma, felicidades pelo triunfo. Grande vitória da inclusão social e da integração regional, um passo a mais para a consolidação da pátria grande."
Print de outro tweet da botocuda presidentA da Argentina para a amiga Dilma.


E quanto a Maduro dizendo que a vitória no Brasil reforçou todas as forças revolucionárias na América Latina? Não significa nada? Lembremo-nos de Elias Jaua, o ministro venezuelano que treina um exército com mais de 20.000 cubanos, que veio ao Brasil "dar aulas de socialismo e revolução" -- e firmar um convênio -- para o MST.



Elias Jaua com MST e Movimiento Patria Grande.
A lei orçamentária também foi descumprida no ano passado, quando já se falava em impeachment, no entanto, foi driblada, culminando no lamentável episódio em que, chantageando o congresso com a promessa de liberação de emenda parlamentar, Dilma conseguiu sair incólume.

A probidade na administração também pode ser discutida. Por ter feito parte do conselho administrativo da Petrobrás de 2003 a 2010, fica difícil de acreditar na inocência de Dilma (ou Estela, como era conhecida nos anos de guerrilha). Caso contrário, ela demonstrou ser, no mínimo, extremamente incompetente.


O PT recebeu entre R$400 e R$540 milhões de propina da Petrobrás e mais R$266,4 milhões em doações de campanha pelas empresas investigadas na operação Lava-Jato. Só isso já bastaria para tornar as eleições ilegítimas e Dilma ter seu mandato cassado -- está previsto no art. 30 da lei federal 9504/97, que dispõe sobre as eleições --, já que o advogado de Youssef disse que esse dinheiro teria influenciado no resultado das eleições de 2006, 2010 e possivelmente de 2014, mas ainda tem mais: Toffoli, advogado do PT, como presidente do TSE em pleno ano eleitoral, urnas problemáticas, votos que já haviam sido computados, material de sessão eleitoral achado no lixo etc.


Concordo que o impeachment poderia não causar tantas mudanças estruturais como imaginamos, mas, com certeza, faria com que o Brasil tomasse um fôlego para continuar lutando contra o totalitarismo bolivariano, que corrói as instituições, distribui igualmente a miséria entre o povo e usa a força do Estado para calar a mídia. Tudo em nome do poder. Desse ponto em diante podemos pensar numa elevação cultural da população a partir de um forte movimento editorial e de uma profunda e necessária mudança na academia brasileira. E só o impeachment por si só já provocaria ligeiras mudanças: o mercado financeiro iria se animar e o dólar cairia, lembrando o que aconteceu quando Aécio foi ao segundo turno e encostou em Dilma nas pesquisas -- o Ibovespa teve a maior alta em 26 meses (4,7%) e o dólar recuou 1,43%, após ter caído 3,4% na mínima do dia.


Portanto, o pedido de impeachment não só é possível, como necessário. Que seja visto como a punição por uma administração porca, que tem como objetivo não o crescimento do país, mas a criação de um bloco socialista que só nos traria miséria e repressão. Que tem como norte não valores republicanos, mas uma ideologia sanguinolenta que carrega o fardo de mais de cem milhões de vítimas em sua história cheia de infortúnios.

- Ian Maldonado.

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- L1079/50 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l1079.htm)


- Cristina Kirchner tweetando para Dilma (http://www1.folha.uol.com.br/poder/2014/10/1538761-cristina-kirchner-parabeniza-dilma-por-vitoria.shtml)


- Maduro falando do reforço das forças revolucionárias na América Latina (https://www.youtube.com/watch?v=3CoXapQFj6A)


- Elias Jauas e os 20 mil cubanos (http://elimpulso.com/articulo/cuba-tiene-20-000-hombres-listos-para-luchar-en-venezuela-segun-antonio-rivero#)

- Conheça o Foro de São Paulo (http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/03/24/conheca-o-foro-de-sao-paulo-o-maior-inimigo-do-brasil/)

- Doações de campanha (http://veja.abril.com.br/noticia/brasil/fornecedores-da-petrobras-sob-suspeita-doaram-r-856-milhoes-a-campanhas-de-2006-a-2012 | http://oglobo.globo.com/brasil/lava-jato/empresas-em-lista-de-ex-diretor-da-petrobras-multiplicaram-valor-de-doacoes-para-campanhas-12187661)


- PT recebeu mais de US$200 mi de propina da Petrobrás (https://www1.fazenda.gov.br/resenhaeletronica/MostraMateria.asp?page=&cod=1019251)


- Elevação da bolsa e queda do dólar durante as eleições (http://br.reuters.com/article/businessNews/idBRKCN0HV20T20141006)

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